No ápice da pandemia, quando o sistema de saúde está entrando em colapso com a lotação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) acima de 90% - com a rede privada e internações exclusivos Covid-19 em 100% da capacidade -, a Secretaria de Saúde de Maringá precisa lidar, ainda, com o descredenciamento de enfermeiros e técnicos de enfermagem na cidade, cujos contratos de trabalho chegaram ao fim.
O edital de chamamento desses profissionais foi publicado em março de 2020 e os envelopes foram abertos em abril. O contrato previa a prestação de serviços em caráter emergencial por seis meses, prorrogáveis por mais três. Com isso, o contrato de alguns profissionais já comerçaram a vencer em janeiro de 2021.
Para sanar esse problema, a prefeitura de Maringá já prepara um edital para credenciamento de novos profissionais, que deve ser publicado em órgão oficial já na próxima terça-feira (2). O município enfatiza que há, ainda, profissionais credenciados que iniciaram o trabalho ainda em dezembro de 2020.
Um técnico de enfermagem - que pediu para não ser identificado - disse que está trabalhando normalmente. Os vencimentos de janeiro e fevereiro, entretanto, ainda não foram depositados em sua conta, apesar dos riscos que corre todos os dias no enfrentamento da Covid-19 em Maringá.
"Trabalho no setor de Covid, arriscando a minha vida e da minha família, para não receber no mês certo. A prefeitura está com os pagamentos atrasados, em janeiro não recebi nada e fevereiro já está acabando", disse o homem, que se credenciou junto ao município para prestar ajuda àqueles que estão enfermos.
O município disse que desconhece casos de profissionais credenciados que estão trabalhando sem receber. A administração disse que, de fato, os contratos de trabalho da primeira leva de profissionais credenciados - em abril - está se encerrando e não há como renovar.
"Estamos dispensando conforme o contrato está encerrando. Tivemos profissionais que começaram a se credenciar em abril e outros em dezembro. Aqueles que atingiram nove meses de serviço, de fato estão sendo desligados. Aqueles que continuam trabalhando é porque ainda estão em tempo de trabalho vingente", explicou a assessoria de comunicação do município.
Pelo edital, mais de 170 profissionais foram homologados pela prefeitura para prestar serviços entre a partir de abril de 2020. Esses profissionais, segundo o edital, foram cadastrados para prestar serviços emergenciais ao município, durante a pandemia da Covid-19. Na aba de "contratos", há 121 pessoas constando como prestadoras de serviço, sendo que 27 desses profissionais já tiveram o contrato vencido - cerca de 22% do total de trabalhadores.