No último domingo, Brasil e Argentina protagonizaram uma das cenas mais ridículas do futebol mundial.
Descrever tudo que aconteceu seria um desperdício de caracteres e uma imensa crueldade comigo e com você, como bons brasileiros, cansados de passar vergonha.
O que vimos foi mais uma amostra do que começa errado, termina errado. Simples assim. E lá vamos nós, procurar um culpado para o desfecho lamentável de uma história que não tem inocentes.
Três eventos principais não podem ser admitidos: a falsificação no documento de entrada no país por parte dos argentinos; o tal acordo costurado entre CBF, AFA (Federação Argentina), Conmebol e, supostamente, alguém do Governo, que garantiria a exceção à regra; e, por fim, a demora da Anvisa/Polícia Federal/seja lá quem for em tomar as devidas providências. Somados, os três fatores nos expuseram ao ridículo.
No caso da falsificação, não há nem questionamento. Deve-se punir conforme a Lei determina.
Por falar em Lei, que acordo é esse que permitia o livre trânsito dos argentinos vindos do Reino Unido sem fazer a quarentena obrigatória? Quem assinou? E quem disse que ele estaria acima das leis brasileiras?
Descobrir isso esclareceria muita coisa, mas não serviria de justificativa para a demora na ação. Por mais que os argentinos estivessem trancafiados no hotel, não dá para aceitar como tudo terminou.
A informação é que a Polícia Federal foi até o hotel, mas dependia de um parecer da Anvisa para agir. O que só ocorreu depois que a bola rolou. Tiveram um dia inteiro para abordar os argentinos e fazer cumprir as regras, mas só fizeram depois que o jogo começou? E não foi qualquer jogo, foi “só” um Brasil x Argentina transmitido em rede nacional! No mínimo, estranho.
Ultimamente, nada me espanta. Só que, mesmo sabendo que já estava na hora de alguém mostrar ao mundo que o Brasil não é terra de ninguém, acordei um pouco mais envergonhado.