Com a proposta de conectar as culturas japonesa e indígena, remetendo a indícios da construção da identidade da região oeste do interior paulista, a Cia. Koi, de Lins (SP), inicia nesta quinta-feira (26) as ações do projeto “Da palha ao papel – caminhos de encontro”, contemplado pelo ProAC, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.
A programação compreende três ações on-line e gratuitas, sendo que a primeira é uma série de bate-papos sobre temas que permeiam o espetáculo “Contos que a terra dá”, que estreia em junho e que dá sequência à pesquisa do grupo com foco no Kamishibai, o teatro de papel, técnica tradicional japonesa que utiliza pranchas ilustradas para narrar histórias.
Também será realizada uma oficina de teatro de papel, encerrando o projeto, que é voltado às cidades de Lins, Cafelândia, Promissão e Birigui, escolhidas em razão de terem recebido famílias de imigrantes japoneses e em cujos territórios vivia o povo indígena Kaingang.
Por acontecer na internet, pessoas de qualquer localidade podem acompanhar o espetáculo e as conversas, cujas transmissões serão pelo canal do YouTube da Cia. Koi – https://www.youtube.com/c/CiaKoi . Após as datas programadas, as ações ficarão gravadas e disponíveis no mesmo link.
Referências
De acordo com os integrantes da companhia, o projeto faz referência aos materiais simbólicos das duas culturas: à palha, nas comunidades indígenas, e ao papel, na história do Japão, elementos tradicionais e de uso comum, que, em suas tramas, imprimem histórias, se unindo em um mesmo território na iniciativa.
O trabalho parte da descoberta de um cemitério indígena por agricultores japoneses na cidade paulista de Promissão, que posteriormente foi escavado e suas peças identificadas e catalogadas pelo imigrante japonês Kiju Sakai (antropólogo e arqueólogo), na década de 1930, materiais que atualmente encontram-se na reserva técnica do Museu Histórico de Lins.
Sakai foi um dos pioneiros a estudar os costumes indígenas, principalmente no oeste do interior de São Paulo, onde segundo estudos a etnia indígena Kaingang estava presente na região de Lins antes da construção da ferrovia Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, em torno de 1908.
Conversas
Antes das apresentações do espetáculo, a companhia recebe convidados para as lives, com bate-papos sempre às 19h. A live de abertura é dia 26 de maio tendo como tema “Kiju Sakai e Os Povos Originários do Oeste Paulista”, com a doutora em arqueologia Louise Alfonso e a mestra em arqueologia Márcia Hattori.
Elas irão compartilhar os estudos sobre a relação de Sakai com os povos originários. Durante a conversa, será exibida uma entrevista feita pela Cia. Koi com o cacique Kaingang Ronaldo Iaiati, da comunidade Icatu, em Braúna. Para assistir basta acessar o canal do YouTube da Cia. Koi.
No dia 30 de maio, a convidada é a imigrante e professora de cultura e língua japonesa Masako Nakaba, que chegou ao Brasil em 1967, aos 16 anos, e que abordará “A Cultura Japonesa e a Educação”. Por fim, em 7 de junho, “As Imagens no Teatro de Papel”, com o grupo teatro Por um Triz, de São Paulo, também a partir das 19h, no canal da companhia.
Sobre a cia Koi
A companhia foi fundada em 2019, em Lins, pelas irmãs Andressa Giacomini (atriz) e Amanda Marques (artista plástica e ilustradora), e o ator e arte-educador Deraldo. A Cia. Koi pesquisa o Teatro Kamishibai desde o início de sua criação.
Seu primeiro trabalho, “Contos de Papel”, já trazia a cultura japonesa no teatro narrativo através da técnica surgida no Japão em meados do século XII como uma forma de ensinar os valores budistas para crianças e pessoas que não sabiam ler e escrever. Para desenvolver o novo espetáculo, o grupo agregou elementos da cultura indígena em conjunto com os da cultura japonesa já presentes em seu repertório.