O Brasil fechou 2021 com uma média de 70,9% das famílias brasileiras endividadas, segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), divulgados em 18 de janeiro. Esse é o maior número em 11 anos.
Para o especialista em educação financeira, Reinaldo Domingos, considerando que ao comprar parcelado as pessoas estão endividadas, a situação é muito mais complexa, sendo necessário que as famílias passem a adotar algumas estratégias.
Nesse casos, o essêncial, segundo o especialista, é não entrar em desespero. É necessário analisar a situação por meio de um diagnóstico financeiro e assim sair definitivamente dessa situação.
"É preciso evitar fazer novas dívidas antes de quitar as já existentes, tomando cuidado para não entrar numa bola de neve. O primeiro passo é mapear essas dívidas para saber o tamanho do problema e isso exige coragem e determinação", aconselha.
Diante disso, confira sete orientações para sair definitivamente do vermelho e controlar os gastos com maior segurança e tranquilidade;
1. É de extrema importância colocar na ponta do lápis todas as dívidas, separando as que correspondem a serviços e produtos de necessidade básica, que não podem ser cortados (como água, energia elétrica, gás e aluguel) e as que possuem o maior índice de juros (como cartão de crédito e cheque especial). Considere essas como prioridade para pagamento. Após realizar o diagnóstico, encontre as despesas mensais que possam ser diminuidas, fazendo sobrar dinheiro para pagar as dívidas em atraso e assim sair do vermelho;
2. Durante 30 dias, anote todos os gastos que tiver, separando por tipo de despesa. Isso inclui gastos 'pequenos', que podem até ser considerado menos importantes, como gorjetas e guloseimas. No fim do período, será possível compreender de que forma seu dinheiro está sendo gasto. Reflita sobre os hábitos e comportamentos que o levaram a chegar nessa situação, assim saberá o que deve mudar e quais gastos irá reduzir ou eliminar;
3. Tenha em mente que só se deve negociar uma dívida quando se tem condições de fazer isso, ou seja, somente após planejamento, pois um passo precipitado pode até piorar a situação. Só procure um credor, quando já souber quanto terá disponível mensalmente para pagar e, então, poder negociar;
4. Trocar uma dívida pela outra nem sempre é a melhor alternativa. É claro que o crédito consignado, por exemplo, oferece juros baixos em comparação ao cartão de crédito, cheque especial e financiamentos, já que o pagamento é retido diretamente do salário. Justamente por isso é preciso cautela, já que para quem está com dificuldade em administrar as finanças, ter sua renda habitual reduzida pode desencadear novos endividamentos e problemas ainda maiores, virando uma bola de neve;
5. Para não agravar a situação, antes de realizar qualquer compra, se faça algumas perguntas como "eu realmente preciso desse produto?", "o que ele vai trazer de benefício para a minha vida?", "estou comprando por necessidade real ou movido por outro sentimento, como carência, baixa autoestima ou influência de terceiros?". Ao fazer isso, terá uma grande surpresa sobre a quantidade de coisas adquirida apenas por impulsividade;
6. Em momentos de crise financeira, que são passageiros, é importante resgatar sonhos, objetivos que realmente importam e que farão a pessoa ter ainda mais motivos para "dar a volta por cima". É preciso relacionar no mínimo três sonhos: um de curto prazo (a ser realizado em até um ano), um de médio prazo (entre um a dez anos) e outro de longo prazo (acima de dez anos), sendo que um deles deve ser o de sair das dívidas;
7. Com os números do diagnóstico financeiro em mãos, é possível conhecer a sua força de poupança após os cortes para realizar o sonho de sair das dívidas sem que tenha que fazer outra dívida. Mês após mês, é preciso aplicar esse dinheiro em um investimento que seja coerente ao tipo de objetivo (prazo) e ao perfil do investidor. Caso tenha dificuldade para investir, é válido consultar um especialista.