O ambiente das empresas e dos negócios é marcado pela convivência entre pessoas que também almejam conquistar poder. E o fator ambição, pessoal ou coletiva, aumenta as chances de conflitos. Em empresas de controle familiar, questões emocionais são um ingrediente adicional, pois potencializa disputas além do ambiente empresarial, oriundas das relações entre irmãos ou entre pais e filhos e ou entre avós e netos.
Com a chegada das diversas gerações na empresa, criam-se tensões entre as percepções de modelos tradicionais e novos, que impactam tanto as relações pessoais quanto as expectativas sobre os negócios. Se as características de decisão e condução das operações não tiverem regras e atitudes empresariais adequadas, situações de crise não trabalhadas poderão chegar a desentendimentos de difícil solução. Por isso, é necessária a preparação das pessoas e do próprio negócio, a fim de mitigar riscos dessa ordem.
No ambiente da sociedade, a formalização do Acordo Societário define regras de convivência e de uso de poder nas decisões mais relevantes para a companhia. Em empresas familiares, esse documento inclui a definição sobre os processos sucessórios, traçando a atuação mais adequada dos herdeiros. Há instrumentos legais que criam obrigação para esses novos sócios, para que se cumpram as cláusulas do acordo, mesmo não tendo sido seus signatários.
No ambiente da gestão, dois pontos críticos se colocam: primeiro, o ingresso de cada geração na empresa, que deve ser uma opção de carreira e vocação profissional e não uma resolução com base em pressões internas familiares. Também é decisiva a capacidade de pais e filhos ou de avós e netos de se relacionarem profissionalmente e sem privilégios para não causarem prejuízos para a sociedade e para a empresa.
No ambiente da família, também é importante o cuidado com as novas gerações, seja para o envolvimento com os negócios ou para perpetuar a identidade, o legado e a união. Toda família deve construir ao longo do tempo novos papéis e adquirir consciência de suas responsabilidades para que as relações familiares e profissionais sejam equilibradas, priorizando um senso coletivo que honre sua história, em que os resultados sejam benéficos para a família, para a sociedade e para o negócio, para que todos possam colher o sucesso assentado no talento, na dedicação e no desempenho de fundadores e suas trajetórias.
É necessário organizar o futuro e alinhar os interesses de todas as partes envolvidas, visando um futuro com sustentabilidade nas relações, quer sejam familiares ou societárias e empresariais.
