É uma trama típica de esporte e superação que se desenvolve de maneira relativamente previsível. O longa tem um roteiro que segue à risca todas as convenções de filmes de esporte, dispondo de poucas nuances e, claro, uma linguagem cinematográfica demasiadamente publicitária e comercial. Temos o jovem dotado de um talento nato, mas que precisa superar seus demônios internos para atingir seu potencial. O treinador calejado que desperdiçou sua carreira de atleta por conta de um erro idiota e tenta reparar as frustrações do passado; e daí por diante.
Não tem nada aqui que já não tenhamos visto antes e tudo é conduzido de maneira que não há grandes surpresas. Porém, o filme consegue envolver por conta da narrativa deveras emocional. Adam Sandler é ótimo em apresentar o semblante cansado de Stanley, alguém que está ocupando uma função por mais tempo do que gostaria. Ao mesmo tempo, toda vez que o personagem abre a boca para falar de basquete, Sandler deixa transparecer a paixão que o olheiro tem pelo esporte.
Narrativa
Do mesmo modo, o ator mostra um cuidado genuíno com Bo e um afeto verdadeiro pela esposa interpretada por Queen Latifah. Há ambivalência, ainda, à ousada escolha do diretor Jeremiah Zagar em usar jogadores reais da NBA como atores. Ganha-se bastante nas cenas que envolvem o jogo em si, que se tornaram bem reais. Todavia, perde-se em qualidade de atuação. Ainda assim, o jovem Juancho Hernangómez é competente em mostrar a confiança de Bo na quadra, bem como as inseguranças e imaturidade dele fora dela.
Majoritariamente localizada em Filadélfia, a narrativa é cheia de elementos urbanos da cidade e o fascínio dos cidadãos pelo esporte, inclusive com excelentes sequências passando pelos jogos de rua e o grafismo de fãs da região. Além disso, a obra é um festival de referências, com uma enorme lista de participações especiais de estrelas e lendas do basquete, treinadores, personalidades televisivas e até sucessos do YouTube. Inegavelmente, existe um desejo sincero da produção em desenvolver o cenário cultural da NBA.
Nesse sentido, ‘Arremessando Alto’ possui um roteiro simples, pautado no discurso motivacional de que talento sem esforço não significa nada. Não reinventa a roda dos filmes esportivos e nem possui tal ambição. Na verdade, funciona como um paralelo para a carreira do próprio Adam Sandler, que sempre ressurge quando todos duvidam de sua capacidade. Triste ou alegre, o ator prova com trabalhos como este que qualquer mediocridade é meramente opcional.
Título Original: Hustle
Estreia: 3 de junho de 2022 (EUA)
Duração: 117 minutos
Gênero: Drama/Esporte
Direção: Jeremiah Zagar
Elenco: Adam Sandler, Queen Latifah, Ben Foster, Juancho Hernangómez, Robert Duvall.