Convencido por três bruxas de que será o próximo rei, Macbeth e sua mulher conspiram, juntos, no propósito de matar Duncan, rei da Escócia, para que Macbeth assuma o trono. Pois, como profetizado, Macbeth ganhou um novo domínio, Duque de Cawdor, em recompensa pela valentia demonstrada em batalha na defesa de Duncan.
Logo, a segunda parte da profecia, a de que ele será rei, deve ser verdadeira. Sedenta por poder, Lady Macbeth incita o marido a matar Duncan para assim apressar os acontecimentos ou, mais que isso, para forçar a predição a cumprir-se. Outros assassinatos, no entanto, terão de ser perpetrados; Duncan tem um herdeiro, e foi dito ainda a Macbeth que os reis que o sucederão não nascerão dele, mas de seu amigo Banquo.
Há cerca de 416 anos, ‘Macbeth’, um dos textos seminais de maior destaque do escritor inglês William Shakespeare, famosO por tratar da corrupção do poder e da ganância, ganhou vida em incontáveis montagens teatrais e em pelo menos duas dezenas de filmes. No entanto, poucas adaptações da peça são tão admiráveis quanto A Tragédia de Macbeth , filme exclusivo e original do Apple TV+, dirigido e roteirizado por Joel Coen e protagonizado por Denzel Washington e Frances McDormand.
A obra de Shakespeare historicamente sempre abriu espaço para diferentes interpretações. Entretanto, os dois papéis principais da tragédia encenada pela primeira vez em 1606 não costumam ser entregues a atores na casa dos 60 anos, como Washington e McDormand; por tradição, eles são personagens mais jovens, ambiciosos por um futuro de glória e por, talvez, numa esperança remota, garanti-lo com o que ainda não têm — um filho.
Contudo, Joel Coen, pela primeira vez trabalhando sem seu irmão Ethan, promove uma pequena, porém, notável inflexão no texto original: mais que ter algo a ganhar, Macbeth e Lady Macbeth sentem já não ter o que perder.
— “E se falharmos?”, diz Macbeth.
— “Então falhamos”, replica Lady Macbeth, lançando seu ultimato.
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