Competitividade, a essa altura do século 21, passa necessariamente por inovação, o que exige o alinhamento da gestão das empresas à agenda e o engajamento dos conselhos de administração nesse sentido. É preciso, em nome da própria sustentabilidade da organização a longo prazo, aproximar as pautas de inovação das estratégicas, adaptando modelos de negócios, criando mecanismos que possibilitem a previsão de ciclos de expansão e, principalmente, capacitando a empresa para inovar.
Esses caminhos, entre as empresas brasileiras, são coerentes com o processo de busca de uma gestão atualizada e em conformidade com padrões internacionais. Mas é preciso ir além. Para lidar com novas demandas e novos concorrentes, cada empresa também deve considerar sua capacidade de inovar e enfrentar mudanças não lineares, tão comuns nesses tempos. Algumas ações podem ajudar nessa trajetória.
Mirando no longo prazo, a empresa pode pensar no futuro como uma descontinuidade do modelo de negócio atual e inserir nas discussões estratégicas o risco inerente às mudanças não lineares. As estratégias a serem formuladas precisarão ser mais adaptativas, de modo que a empresa possa se reconfigurar mais facilmente à medida que essas situações não lineares forem surgindo. Além disso, deve-se priorizar o processo de inovação que começa no topo da empresa e evolui para todos os seus níveis, de maneira que todos os colaboradores sejam envolvidos. Para tanto, é necessário desenvolver na empresa uma cultura de experimentação e de aceitação do erro.
Outra medida que impulsiona a empresa em termos de inovação é a criação de um portfólio com projetos que, desde o início, renovem o core do negócio ou que tenham potencial para transformá-lo. Assim a organização consegue trabalhar a própria capacidade de inovar, ficando mais preparada para as mudanças e para a nova competição no mercado.
Os papéis do conselho nessa engrenagem são fundamentais. Um deles envolve abertura à ideia de inovação, de maneira que seja cultivada maior tolerância para os riscos e as incertezas. A construção dos cenários para o futuro precisa ter participação ativa do conselho, que deve contribuir com suas percepções e insights sobre o que vem pela frente e abraçar as possibilidades oferecidas pela experimentação de novos produtos, serviços e modelos de negócio. É importante, ainda, que o conselho diferencie os pontos do modelo de negócio atual que respeitam as métricas de resultados e os projetos inovadores que não têm métricas definidas, mas que criam o aprendizado de que a empresa vai precisar no futuro.
Voltar-se para a inovação requer das empresas conhecimento de conceitos e flexibilidade para perceber e aproveitar oportunidades. Nas empresas inovadoras, a pauta é tratada de forma estratégica, com pessoas e gestão mais dinâmicas. É assim que elas conseguem explorar novos caminhos e se reconfigurar continuamente.