Daqui a cinco meses, mais uma vez teremos um encontro marcado com um dos principais deveres cívicos do País; o voto. O voto é um poderoso instrumento que conscientemente exercido em sociedades democráticas, tem o poder de provocar mudanças políticas, sociais e econômicas. E, nesta ocasião, oportunidade para escolher os próximos grupos que administrarão o País, tanto na esfera federal como na estadual.
Deixar de comparecer a esse encontro é o mesmo que renunciar o exercício da cidadania e da vida política. Entretanto, nesta eleição, mesmo facultativo, chamava a atenção a baixa adesão de jovens maiores de 16 e menores de 18 anos que ainda não tinham tirado o título de eleitor. De acordo com o TSE, até o mês de fevereiro passado, pouco mais de 11% de jovens nessa faixa etária tiraram o título de eleitor, sendo a taxa mais baixa desde a disputa presidencial de 1989.
Preocupado com tal situação, o TSE entrou em ação com campanhas publicitárias para estimular esses jovens em tirar o título de eleitor. Campanhas como Semana do Jovem Eleitor de 2022 e o “tuitaço” organizado pelo perfil no Twitter do próprio tribunal, em um primeiro momento obtiveram bons resultados, principalmente em estados da região sudeste. Contudo, segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, há no País cerca de 10 milhões de jovens brasileiros aptos a tirar o título de eleitor para já votar nas eleições deste ano. Em seguida, ressalta o IBGE, que desse total que pode votar, pouco mais de 13% haviam tirado o título de eleitor.
É importante salientar que essa conquista democrática, ocorrida por meio de muita articulação e debates dos constituintes na Assembleia Nacional Constituinte (1985-1988), deu oportunidade aos jovens em participar ativamente dos rumos do País. Muito comemorada na época, atualmente, causa preocupação não só pelo pouco entusiasmo desses jovens pelo voto, como indiretamente a não participação da vida política partidária de suas comunidades. Esse desinteresse em participar da politica despertou a atenção de cientistas políticos e de educadores, em tentar compreender tal fenômeno.
Após estudos e debates, várias perguntas ainda sem respostas ecoam no ar, como: Qual é o motivo da baixa adesão ao título de eleitor? Por que a política tradicional, aquela realizada nas câmaras dos deputados, assembleias legislativas e nas câmaras municipais não atraem os jovens? É o descontentamento com a política? É o pessimismo com o futuro? É a disseminação de ódio e violência nas redes sociais? É o baixo nível da educação e a falta de debates nas escolas sobre a importância da política? Por que a política clássica deixou de interessar aos jovens? São varias perguntas que precisam de respostas.
Ficar alheio às respostas e soluções ao problema é um risco iminente à sobrevivência da democracia. Tão importante à democracia, a política precedida do voto é o único instituto legal que periodicamente prevê a alternância de poderes. Inegavelmente, o tema suscita boas reflexões, portanto, diante da inesgotável pauta fica cristalino a necessidade de lideranças que apaixonem mentes e corações, através da razão e argumentos bem fundados sobre o protagonismo dos jovens nas mudanças sociais e econômicas tão almejadas pela sociedade. Por fim, fica aqui uma convocação: Jovens exerçam esse poder de transformação, o Brasil precisa de vocês!
Lembrando que os jovens têm até o dia 4 de maio para pedir a primeira via do título de eleitor ou regularizá-lo. Informações em https://www.tse.jus.br/eleitor/titulo-de-eleitor/pre-atendimento-eleitoral-titulo-net