A Justiça de Araçatuba (SP) acatou denúncia do Ministério Público e Sidnei Antônio Creado, 69 anos, passa a ser réu em processo por homicídio qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima, pelo assassinato da comerciante Martinha dos Santos Melão, 65 anos.
Ela foi morta a tiros no início da manhã de 30 de março, na casa dela, que fica no bairro Chácaras Aguiar, junto com o bar que ela possuía, à margem da rodovia Jorge Maluly Netto (SP-463). A prisão ocorreu dois dias depois, em Guararapes.
De acordo com o delegado da DH/Deic (Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais), Paulo Natal, em depoimento formal o agora réu alegou não saber o motivo de ter atirado na vítima.
Porém, ao ser preso, familiares da vítima foram ao local da prisão acompanhados de um policial militar que estava de folga e questionaram o motivo do crime. Na ocasião, ele teria dito que a matou porque ela o estaria traindo com outro homem.
Apesar de eles não terem nenhum tipo de relacionamento amoroso, para o réu, ele estaria sendo traído por ela. A polícia acredita que ele não esteja confirmando essa versão em depoimento por medo dos familiares da comerciante.
Ainda segundo o delegado responsável pelo inquérito, apesar de a arma não ter sido apreendida, um familiar ouvido em depoimento confirmou ter visto Creado com um revólver calibre 38 em dezembro, provavelmente a arma usada no crime.
Crime
Na denúncia apresentada pelo promotor de Justiça Adelmo Pinho consta que na chácara onde a vítima residia havia o restaurante e outros imóveis, sendo que um deles era locado para o réu. Naquela manhã, Martinha acordou e foi preparar o café para servir aos caminhoneiros que costumava atender no estabelecimento.
O marido dela saiu para comprar pães e quando voltou, a encontrou na cozinha, ferida por disparos de arma de fogo. Ele contou à polícia que Creado tinha o hábito de varrer o quintal da chácara, mas não havia sido visto após o corpo de Martinha ser encontrado.
Tiros
Consta na denúncia que foi constatado que o réu foi até à casa da vítima, que fica distante cerca de 15 metros da residência dele e, ao vê-la na cozinha, pela porta de vidro, passou a disparar com um revólver calibre 38.
Exame necroscópico apontou que Martinha foi atingida por três disparos, causando ferimentos na região do abdômen, na região inferior do tórax à direita e na mão esquerda. Os três projéteis transfixaram o corpo da vítima, sendo que o último saiu na região do 5º dedo da mão esquerda.
Após efetuar os disparos Creado fugiu e a polícia apreendeu uma perua Kombi que pertencia a ele. O veículo foi encontrado próxima à casa dele durante a perícia.
Preso
Creado foi preso na manhã do dia 2 de abril pela Polícia Militar de Guararapes, quando caminhava pela via de acesso ao município.
Os policiais o viram caminhando pelo acostamento da via tenente Rio Branco Antunes, próximo ao quilômetro 2, fizeram a abordagem e ele confessou o crime, mas não soube dizer o motivo, segundo o que foi relatado pelos policiais que fizeram a prisão.
Arma
Sobre a arma, alegou que havia usado um revólver calibre 38, que teria sido roubado no dia seguinte. Por fim, contou que havia saído de Araçatuba na manhã daquele sábado e pretendia ficar residindo em Guararapes.
Durante o registro do boletim de ocorrência a polícia foi comunicada da expedição do mandado de prisão temporária do investigado, por 30 dias. Ao acatar a denúncia, a Justiça acatou o pedido do Ministério Público e decretou a prisão preventiva do agora réu.
Ele permanecerá a disposição até ser definido se será enviado para julgamento pelo Tribunal do Júri.