Podemos conceituar cultura como sendo a construção histórica de significados, de técnicas, de valores, construída coletivamente. Resumidamente, a cultura é a nossa identidade.
Durante o ano de 2020, ano em que a pandemia tornou-se um grande destruidor (ou adiador) de sonhos e ao mesmo tempo enaltecedor de alguns, movimentos de artistas se formaram e se desfizeram na velocidade da luz e o que vimos foram reivindicações isoladas, que fugiam do coletivo.
De repente estávamos no meio de uma queda de braço política, onde quem estava fora queria entrar, nem que se fosse à força, nesse grande e inacabável plano. Pois bem, a casa caiu e a lei permanece. E aos poucos, timidamente, um novo Conselho Municipal de Políticas Culturais vai surgindo.
Todos afugentados pelo estardalhaço político, alguns vivendo o drama que a pandemia nos causa, e mesmo diante disso, conselheiros são convocados, com suas ideias e ideais. Uma chama de esperança acendendo para a cultura.
Para completar o feito, uma presidenta caipira, oriunda da cultura popular, não militante de partido, mas participante e defensora da ideia de que a cultura é do povo. E o que é feito durante convocações e reuniões ordinárias e extraordinárias, é angariar mais e mais conselheiros e segmentos com coragem para que a cultura permaneça e atinja um público cada vez maior.
Somos um grupo de conselheiros voluntários, que só quer equidade (não igualdade) para com todas as classes artísticas. Mas hoje, talvez venha a sensação de que, abandonados em alto mar, sem ajuda ou até reconhecimento dos artistas, vai morrer na praia.
A busca desenfreada para agilizar recursos, disponibilizar projetos, a verba federal da Lei Aldir Blanc, por meio de um vasto plano de trabalho, serviu apenas para reafirmar o poderio de quem já estava inserido e participando constantemente das oportunidades de seleções e chamamentos que já eram oferecidos pela Secretaria Municipal da Cultura.
A secretaria fez a sua parte, ofereceu algumas possibilidades para que os artistas participassem de projetos. Isso não há como contestar.
A grande indagação é: até quando os artistas dessa cidade vão perder oportunidades, não participando de projetos ou não procurando ajuda? Quando digo ajuda, é ajuda para desenvolver sua arte e não para ficar pedindo dinheiro, como ocorreu durante um período desse ano.