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Simone fez Miranda revelar líder do governo na Câmara suspeito de envolvimento nas negociações da Covaxin

Para a senadora , CPI encontra indícios de crimes gravíssimos

Da Redação
26/06/21 às 09h43
Senadora Simone Tebet (Reprodução)

Depois de quase 10 horas de duração e de ao menos 12 tentativa de parlamentares para que o deputado federal Luis Miranda (DEM- DF) revelasse o nome do político envolvido no esquema de negociação da vacina Covaxin, foi a senadora sul-mato-grossense, Simone Tebet (MDB-MS), que conseguiu a informação. Na reunião da CPI da Covid, nesta sexta-feira (25), o deputado contou que em conversa com Bolsonaro quando foi entregar a denúncia sobre possível corrupção no governo, o presidente teria dito: “É mais um rolo desse..., você sabe quem", mas durante horas dizia não se lembrar o nome da pessoa.

A líder da bancada feminina, Simone Tebet, já quase às 22h, usou da emoção para fazer o deputado entregar o nome do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). "Eu sei o que vai acontecer comigo. A senhora [Simone Tebet] também sabe que é o Ricardo Barros que o presidente falou",  disse emocionado e chegou a chorar. “Eu queria ter dito desde o primeiro momento, mas é que vocês não sabem o que eu vou passar. Apontar para o presidente da República que todo mundo defende como correto e honesto, que sabe que tem algo errado, sabe o nome, sabe quem é e não faz nada por medo da pressão que pode levar do outro lado. Que presidente é esse que tem medo de pressão de quem está fazendo o errado, quem desvia dinheiro?”, lamentou o deputado.

Em entrevistas à Globonews e à Bandnews TV após o final da reunião, a senadora Simone disse que foi “um misto de emoção dele e minha. Era preciso que um deputado bolsonarista pudesse anunciar. Havia um desejo dele de citar toda a verdade. Pedi para o senador Randolfe. Sabia que Alessandro (Vieira) ia tentar provocar, mas o que faria a diferença era o lado emocional”, disse.

“V. Exa. diz que não tem como provar, mas nós temos. Nós já temos indícios, nós já temos documentos e nós temos como rastrear. A sua emoção, o seu choro superou o medo”, disse Simone.

Condecorado

Para Simone, o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, impediu o Governo de assinar um dos contratos bilionários mais fraudulentos da história. “O irmão do deputado vai ser investigado ao invés de ser condecorado por denunciar a verdade dos fatos de um contrato de R$ 1,6 bilhões. Me lembrei de um estado policialesco de quando a imprensa não podia fala. Foram 10 horas de questionamentos e agradeço a coragem do deputado federal Luis Miranda de ter aberto espaço para essa investigação. Até que ponto presidente sabia? E, se sabendo, não fez nada e também cometeu o crime de prevaricação. A República vai acordar diferente”, disse em entrevista à Globonews.

Indícios de corrupção: “pra debaixo do tapete”

Simone acredita que a CPI inicia uma nova fase com fortes indícios de crimes contra a administração pública. “Crimes no plural. Peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, prevaricação. Eu estou aqui falando, inclusive, de crimes relacionados à saúde pública, porque você está disseminando a epidemia. São tantos os crimes que chegam ao final no crime de organização criminosa. Tem fortes, gravíssimos indícios de corrupção. Ao invés de se buscar investigar, se colocou tudo pra debaixo do tapete”, criticou.

Para Simone, na primeira fase da CPI já ficou comprovado que o governo usou o conceito de imunidade de rebanho por contaminação e não por vacinação, para gerar uma falsa sensação de segurança na população, inclusive negando medidas de biossegurança, como o uso de máscaras e o distanciamento social. “Investir numa imunidade de rebanho por contaminação é repugnante, é imoral”, disse.

Covaxin: suspeitas de irregularidades

Segundo a senadora Simone a cronologia em relação a ações legislativas e administrativas pode ajudar a desvendar aspectos ilegais do contrato com a Covaxin. Ela ressaltou que a MP 1.026, de janeiro de 2021, autorizava o Brasil a comprar vacinas apenas de países cujas autoridades sanitárias estrangeiras tivessem liberado: Estados Unidos, União Europeia, Japão, China, Grã-Bretanha e Irlanda do Norte; não tinha a indiana. A lei foi publicada com emenda da Câmara para incluir a Índia e só passou a valer em 10 de março. “O contrato foi feito anteriormente, no dia 25 de fevereiro. Só aí já está mostrando que a assinatura do contrato é irregular, ilegal. E aí, a cereja do bolo: a medida provisória é de janeiro. Não permite compra de vacina sem a autorização da Anvisa ou dessas agências de autoridades sanitárias. O contrato é feito em fevereiro – ainda não podia. E a lei só passa a vigorar em março, com a emenda do Deputado Ricardo Barros. Só isso teria que fazer com que quem quer que tenha assinado aquele contrato tivesse rasgado o contrato antes de assiná-lo”, disse.

Contradições

A senadora Simone Tebet elencou uma série de contradições nos contratos com as vacinas das diferentes farmacêuticas pelo Brasil. “O Governo diz que não aceitava a Pfizer por conta de cláusulas leoninas, mas aceitou a indiana com cláusulas draconianas. Não aceitava CoronaVac chamando de "coronalixo", "vachina", porque ela era de um vírus morto, inativo, e que ela não tinha tanta eficácia. É a mesma plataforma da Covaxin. A Covaxin e a CoronaVac têm a mesma plataforma. Por que, então, aceitaram a Covaxin e não aceitaram a CoronaVac? E mais: por um preço muito acima da outra, por exemplo, da Pfizer e da AstraZeneca. E num contrato simplificado: levaram apenas 97 dias; levaram 330 para autorizar a da Pfizer”.

Simone ainda citou as limitações da Covaxin como a proibição da aplicação das doses em menores de idade, idosos, pessoas com comorbidades e gestanes. “Ela pode ser aplicada em quem, então? Em 1% da população”.

 

Acareação

A senadora ainda sugeriu fazer uma acareação coletiva entre as pessoas que tenham alguma relação com as pressões em prol da assinatura do contrato da Covaxin, como o ex-Ministro Pazuello, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco, a Sra. Teresa, a Sra. Regina e o Presidente da Anvisa, Barra Torres. “Só falta agora colocar o guizo no rabo do gato: quem fez o quê, quem agiu com dolo, quem agiu por culpa, quem foi negligente de boa-fé, quem foi negligente aí na má-fé, quem foi com a conduta dolosa de praticar os crimes elencados”, disse.  Ela entende que a acareação coletiva pode ajudar a transformar o discurso em fatos concretos. “É fundamental a partir da semana que vem para colocar em pratos limpos o que ia acontecer”.

 

 

Fim da reeleição

A senadora concluiu sua fala propondo que o Congresso discuta o fim da reeleição. “Que dê seis anos para um Presidente da República, mas não permita mais que os chefes do Executivo possam pensar em reeleição, ano sim, outro também, e cederem à toda sorte de tentação visando apenas à reeleição”, disse lamenentando que o governo Bolsonaro foi eleito com a bandeira anticorrupção, mas que acabou se aliando ao Centrão. Simone também lamentou a polarização exacerbada e a difusão de Fake News.

Presença feminina

A senadora Simone Tebet ainda destacou a importância da participação das mulheres na CPI. Agradeceu a concessão do presidente do colegiado em dar prioridade de fala a duas parlamentares por reunião e ressaltou que não haverá mais retrocesso. “Todas as CPIs terão, daqui pra frente – espero que não tenhamos mais CPIs –, teremos a presença de uma mulher no Senado Federal”

Ela também manifestou indignação com o incidente com a repórter Victoria Abel, da CNB, que foi mais uma jornalista agredida pelo presidente da República.

* As informações são da Assessoria de Comunicação da senadora Simone

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